Notícia: Saeb 2021: desempenho em matemática e português piora em todas as etapas

Saeb 2021: desempenho em matemática e português piora em todas as etapas

Saeb 2021

No entanto, especialistas avaliam que a queda foi menor do que a esperada, considerando o contexto da pandemia e da oferta de aulas não-presenciais

O Inep divulgou os resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021. Para fazer uma análise dos dados é preciso levar em conta o contexto extremamente desafiador em que educadores, estudantes e familiares viveram com as escolas fechadas.

O foco principal nestes dois últimos anos foi manter o vínculo com estudantes e suas famílias, respeitando as medidas sanitárias, promovendo a segurança alimentar e desenvolvendo ações de apoio socioemocional.

Dentro dessa realidade, especialistas em educação consideram os resultados da aplicação do Saeb como bem positiva. A avaliação foi feita por 5,3 milhões de estudantes divididos entre 72 mil escolas públicas e privadas. O que representa 71,2% dos alunos previstos.

Sobre o Saeb

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) é realizado a cada dois anos pelo Inep. Ele é a maior avaliação da educação básica brasileira.

O exame contempla testes de Língua Portuguesa, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas para os estudantes, além de questionários para estudantes, professores, diretores e secretários municipais de educação.

Resultados de 2021

Em 2021, nos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas e privadas, a aprendizagem de língua portuguesa de alunos do 5º ano caiu de 215 pontos, em 2019, para 208, em 2021, uma redução de 7 pontos.

Gráfico com uma linha azul-marinho indicando tendência de evolução em matemática, mas caindo entre 2019 e 2021.

Isso significa que os alunos do 5º ano ainda não seriam capazes de reconhecer assunto e opinião em reportagens e contos, descobrir a finalidade de um texto ou reconhecer elementos de narrativa em fábulas.

Acesse os resultados do Saeb 2021 divulgados pelo Inep

Em matemática, a queda foi ainda mais acentuada: 11 pontos. A proficiência caiu de 228 pontos para 217, nesse mesmo período. De acordo com a tabela de proficiência do Inep, isso significa que esses estudantes não seriam capazes de converter mais de uma hora inteira em minutos ou resolver problemas, no sistema monetário nacional, como adição e subtração de cédulas e moedas, por exemplo.

Gráfico que indica tendência de aumento na proficiência em matemática, mas há uma queda entre 2019 e 2021.

Nos anos finais do ensino fundamental, com avaliações feitas a alunos do 9º ano, a proficiência caiu de 260 para 258 em língua portuguesa e de 263 para 256 em matemática. No ensino médio, a variação foi de 278 para 275 em português e de 277 para 270 em matemática.

Pior desempenho na Educação Infantil

O impacto do Saeb foi mais significativo ao analisar o desempenho das crianças que se encontravam em processo de alfabetização.

Os Anos Iniciais compreendem o 1ª ao 5º anos e a faixa etária adequada dos estudantes é de seis a 10 anos.

É nesta etapa que o aluno desenvolve habilidades e competências que são a base de toda trajetória escolar.  De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), toda criança deverá estar plenamente alfabetizada até o fim do 2° ano.

No entanto, dados divulgados pelo Todos pela Educação mostram que entre 2019 e 2021, houve um crescimento de 66,3% no número de crianças de 6 e 7 anos que não sabiam ler e escrever no Brasil.

E os dados Saeb mostram esse impacto. No 2º ano do E.F, a média nacional de proficiência em Língua Portuguesa passou de 750 pontos (em 2019) para 725 (em 2021), uma queda de 25 pontos.

Gráfico mostra queda na proficiência em português no 2º ano do ensino fundamental entre 2019 e 2021.

Também tivemos mais alunos com  proficiência abaixo do nível 1 para o 2º ano em Língua Portuguesa. Em 2019, cerca de 4,6% dos estudantes estavam abaixo do nível 1. Em 2021, esse número aumentou em quase 10 pontos percentuais , atingindo 14,4% dos estudantes.

Comparativo entre a distribuição percentual dos estudantes por níveis da escola de proficiência do Saeb.

Resultados acima do esperado

Em uma live promovida pelo Conviva Educação, o professor Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), afirma que os resultados do Saeb precisam ser comemorados.

“Havia uma série de prognósticos de prejuízos que seriam atrasos de 10, 20 anos e que estariam configurados e comprometendo definitivamente essa geração. As quedas foram menos impactantes do que o alardeado, porque teve muito trabalho e muita ação por parte dos professores, diretores de escola, coordenadores pedagógicos e dirigentes municipais.”, analisa o professor.

Luiz Miguel Garcia, da Undime: um homem branco, com barba e cabelo grisalhos, de óculos.

Reprodução: videoconferência Conviva

Posicionamento da Undime

Em nota, a Undime declara que o momento é de comemoração ao se considerar toda a dificuldade enfrentada por profissionais das redes municipais de educação para avaliar a aprendizagem de seus estudantes, em um cenário adverso de pandemia.

A Undime também defende que os resultados do Saeb devem servir de análise para as redes avaliarem o impacto da pandemia na aprendizagem dos alunos e planejarem ações para mitigar tais efeitos.

Ainda segundo a nota, a mesma análise não se aplica ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). O índice, divulgado a cada dois anos, leva em conta, além do desempenho dos alunos em português e matemática, a taxa de aprovação.

Como durante a pandemia estados e municípios implementaram o continuum curricular, com casos em que todos os alunos passaram automaticamente de ano, a comparação do Ideb 2021 com dados de anos anteriores encobre a queda no desempenho da aprendizagem e distorce para maior a sua média final.

A Undime reforça o alerta: “é necessário evitar o uso do Ideb 2021 para qualquer tipo de leitura de resultados educacionais, comparações e/ou ranqueamentos, pois, o mesmo não se apresenta como uma medida tecnicamente adequada e apropriada, podendo gerar uma interpretação equivocada e uma falsa ideia de que não houve perda de qualidade no ensino no período”.

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