Notícia: Caverna de Petra: uma abordagem pedagógica sobre a 2ª temporada da série

Caverna de Petra: uma abordagem pedagógica sobre a 2ª temporada da série

Caverna de Petra – 2ª temporada

Uma menina negra sentada no que parece ser o interior de uma caverna ao lado esquerda a logomarca do programa A Caverna de Petra

Caverna de Petra – 2ª temporada. Nesses novos tempos de relações diárias de trabalho, lazer e sociais via o audiovisual, onde a linguagem do vídeo se tornou tão próxima e acessível em tantos aparelhos que nos rodeiam, de celulares, a tablets, painéis publicitários, computadores e TVs, os limites dentro e fora da tela, ficaram muito tênues. Sem falar na infinita oferta de possibilidades e escolhas do quê, como e quando assistir. Atenta a esse desafio, o Canal Futura, como um canal com foco em educação, tem um papel fundamental na qualidade, definição e desenvolvimento de sua programação. Em especial para as crianças, essa geração multitela, que assimila e se identifica com essa linguagem com ainda mais naturalidade, e, na fase da vida que é a mais importante em termos de novas aprendizagens, aquisição de conhecimento e desenvolvimento de suas capacidades socioemocionais que irão ancorar seu futuro como adultos.

É essencial que programas destinados a infância reflitam temas conectados à contemporaneidade e a questões que as crianças estão expostas em seus cotidianos, na escola, em família, entre amigos ou na sociedade. Devem buscar promover uma influência positiva na forma como elas poderão lidar e aprender com essas questões, mas sempre através das linguagens da infância: o brincar, a imaginação e a criatividade, ingredientes fundamentais de relação e significação das crianças com o mundo.

O programa “A Caverna de Petra”, da faixa infantil do Canal Futura, chega a sua segunda temporada, trazendo novos episódios com aventuras vividas pela menina mágica Petra e sua amiga Júlia. Tudo acontece na ‘Caverna das Lembranças Esquecidas’, um lugar recheado de objetos, brinquedos, elementos, desenhos, fotos, diários, bichos de pelúcia que guardam as memórias de crianças que deixaram de ser crianças. A ambientação e lugar imaginado onde se passam as histórias, já coloca em evidência uma questão muito importante para se pensar sobre a infância: em que momento deixamos de ser crianças? Onde ficam guardadas essas memórias que marcam tantas situações, sentimentos, angústias, alegrias, medos, sonhos, encontros e aprendizagens vividas na infância? Será que as memórias da nossa infância, tão fundantes de quem nós somos, e das escolhas que fazemos, devem ser esquecidas? Como metáfora da importância dessa fase da vida e das memórias que não devem ser perdidas, cria-se a figura de Petra, uma menina mágica, guardiã das lembranças e memórias de todas as crianças.

Estudos da neurociência confirmam o que educadores e psicólogos já alertavam, a importância da qualidade dos estímulos, das relações e experiências vividas na infância para a aprendizagem, em especial na primeira infância (0 a 6 anos), e como impactam no modo como aprendemos durante o restante da vida. Na fase seguinte, de 7 a 11 anos, justamente o público principal dessa série, é quando as crianças consolidam todos os aprendizados e vivências ocorridas nas primeiras etapas da vida. Com essa idade, já saíram da educação infantil e estão nos anos iniciais do ensino fundamental, vivem muitas vezes uma ruptura de uma abordagem lúdica de ensino, através das linguagens da arte e do corpo, sentados no chão em roda, para uma nova realidade de corpos sentados em carteiras, da exigência de letramento, dos deveres de casa e mais conteúdos a serem apreendidos. Seus corpos começam a mudar, assim como sua percepção de mundo, seus sentimentos em relação a si mesmo e aos outros, além das mudanças nas relações sociais e interpessoais.

A série “A Caverna de Petra” foi pensada justamente para ajudar as crianças a lidarem com suas emoções, transformações e desafios enfrentados no convívio social. A segunda temporada, traz para a trama a nova personagem, Júlia, uma criança de 08 anos, corajosa, cheia de atitude e muito decidida, que ajuda Petra a resolver as ‘encrencas’ em que elas se envolvem com os diferentes personagens do mundo mágico que vem visitar a caverna. Os personagens, convocados pelo cristal mágico de Petra para ajudar a solucionar os dilemas que surgem em cada episódio, acabam colocando em evidência o que ambas precisam enfrentar. Com nomes engraçados e sugestivos, Oblivius, Bê Éfe Éfe, Lola Calendárius, Carmen Sorte, Brux Bruxa, Tyranofóssil Rex: o Rei da Bagunça e Geraldo Geladeira, esses personagens trazem à tona desafios de sentimentos complexos e conflitos vividos pelas amigas, abordando assuntos como: saudade e amadurecimento; tirania e autoritarismo; ansiedade e stress ligados ao excesso de afazeres e responsabilidades; amizade e bullying; intolerância com o outro; aceitação às transformações e mudanças; e a cultura do cancelamento.

Vivências que muitas crianças irão enfrentar ou estão enfrentando na escola, em suas vidas pessoais ou em suas relações sociais, que, através da imaginação e das metáforas criadas para este mundo mágico, adquirem uma dimensão mais leve e se desmistificam. Tratados de forma lúdica e divertida, se tornam uma ferramenta interessante para as crianças refletirem sobre essas questões em suas próprias vidas e se instrumentalizarem para enfrentá-las.

O programa conta ainda com dois personagens essenciais para o desenrolar de cada episódio, “seu Profundeza” que faz uma ‘alusão à importância do autoconhecimento e da capacidade de saber ouvir a si mesmo’, fundamental para o processo de amadurecimento das crianças nesta idade, que logo estarão saindo da infância e entrando na fase da adolescência. E a Dra. Joana, ‘uma vampira vegana e decolonial que não bebe sangue há séculos, mas que tem uma sede insaciável por conhecimento’. A construção dessa personagem é por si só educativa em sua natureza e nas relações metafóricas e simbólicas que constroem sua personagem, interpretada pela artista e influenciadora Aretha Sadick. Como vampira, por sua longevidade e milhares de anos de vida, Dra. Joana, adquiriu um conhecimento profundo sobre a humanidade, e é capaz de perceber as situações por outros pontos de vista já que vive de cabeça para baixo, trazendo um enfoque inesperado e desconstruindo padrões pré-estabelecidos, em especial pelo mundo adulto. Na realidade, as crianças, assim como a Dra. Joana, têm essa capacidade de ver e interpretar o mundo com outros olhos. E nós adultos, devemos estar mais abertos a escutar essas outras formas “de ver”. Por trás de cada ato de escuta existe o desejo, a emoção, abertura para as diferenças, para outros valores e pontos de vista.

Júlia Alves, a atriz que interpreta a protagonista da série, reflete sobre a importância do programa pela abordagem de assuntos tão relevantes na atualidade e pelo poder da identidade e representatividade: “Fazer a Petra foi importante por poder representar uma referência que eu nunca tive. Por isso, eu voltava deslumbrada das gravações… Não me lembro de ter assistido algo assim na infância e acho isso extremamente necessário para as crianças de hoje.” (…) “A mensagem que a Petra deixou, e que eu carrego comigo, é que eu posso ser quem eu quiser ao mesmo tempo em que não preciso deixar de ser quem eu sou.” Para Beth Carmona, especialista em audiovisual para a infância, que fez parte do time multidisciplinar de especialistas que ajudaram a construir o conceito da faixa infantil do Canal Futura, em entrevista pontua: “Histórias de ficção, cheia de emoções e aventura, onde as crianças são protagonistas, possuem alto nível de identificação e influência. Podem ajudar na autoestima, na iniciativa e no crescimento” .

No poema Guardar de Antônio Cícero, o poeta nos ensina que “Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. (…) Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado (…)” . É assim que Petra guarda as lembranças esquecidas das crianças, sendo iluminada por elas, e, que todos nós possamos revisitar nossas memórias de quando éramos crianças, e admirá-las, pois, a existência de todos nós está ligada à nossa infância. Para aqueles que têm crianças a sua volta em família e/ou em sua atuação profissional, que nunca se esqueçam de seu importante papel em fazer parte e proporcionar boas lembranças para estas crianças, que não serão nunca esquecidas.

* Texto de Bia Jabor: Artista, educadora e curadora educacional, atuante nas áreas de educação em museus, programas de arte e educação, pesquisas e materiais pedagógicos, consultoria pedagógica, formação de professores e primeira infância. Formada pela FAAP em Licenciatura em Educação Artística e habilitação em Artes Plásticas. Diretora do espaço independente de arte e educação, Casa 38, no Rio de Janeiro. Pós-graduanda em Antropologia da Infância.

Assista à Caverna de Petra no Globoplay e no Canais Globo!

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