Artigo: Reflexões no Mês da Consciência Negra

Laroyê Esú!!! 

Qual a sua reação ao ler a saudação à Esú? Medo? Repulsa? Curiosidade? Fez o sinal da cruz? Responde que não saúda o diabo?

Pode ser honesto comigo e com você... Porque se você não respondeu Laroyê, ou não deu uma gargalhada, ou ao menos sentiu respeito, temos muito o que conversar.

No mês de novembro, conhecido por ser o mês da Consciência Negra, temos muito para refletir porque as atitudes racistas e desrespeitosas acontecem até em nossas famílias, e o caminho é longo para estarmos perto da igualdade e segurança.

Religião

Há alguns anos atrás uma menina de 11 anos, saindo do terreiro levou uma pedrada na cabeça. Isso não te comove? 

Se no seu trabalho alguém chegar de branco, com guias coloridas, talvez um lenço na cabeça... O que você faz? Se afasta? Pergunta tudo aquilo que nunca te explicaram? Acha um absurdo?

Ao seu redor, você tem ideia de quantas pessoas dizem que são espiritas, escondendo que são de religiões de matriz africana com medo da discriminação?

É preciso que saibamos que os espaços sagrados das religiões de matriz africana estão sob constante ataque, sendo depredados e os cultos desrespeitados. 

Os terreiros são templos, espaços de acolhimento, além de ser também espaço político e de preservação da cultura negra. O mesmo racismo religioso que obriga que escondamos a nossa fé, também tenta acabar com nossos terreiros.

Sendo assim meus amigos, precisamos de respeito com a nossa religião, nossos espaços, indumentárias, rezas, preceitos. Respeitamos a sua escolha, respeitem a nossa.

Cabelo 

 “Nega do cabelo duro...” Se você ameaçou a cantar, eu imploro, pare!

E na sua família já usaram a expressão: “Cabelo bom”? Na minha já usaram várias vezes... O meu nem era o cabelo bom, mas diziam que não era tão ruim.

Mas pode piorar... Expressões do tipo: “Nem é tão preta, tem o cabelo bom!”, “Eu sou branca porque minha pele é clara (disse a filha de negros)”, “Coitada dela com esse cabelo duro”, “ainda bem que agora está na moda não pentear o cabelo (disse a tia, em um suposto elogio ao cabelo black da sobrinha)”, “nossa esses dreads parecem sujos”...

Eu demorei muito para amar o meu cabelo! Ouvi tanto que ele era ruim que realmente acreditei.

Você pode não achar bonito meus cachos, mas não aceito opinião e muito menos toque! Entendam ninguém tem poder sobre os nossos corpos pretos, e encostar no meu cabelo sem a minha devida autorização é uma afronta, um desrespeito sem tamanho.

Olhe os cachos, tranças, laces, dreads, black powers, cabeças raspadas, respeite e NUNCA toque!

Finalizando

Meus amigos, trouxe apenas alguns aspectos para refletir junto com vocês. Em novembro somos lembrados, mas a nossa luta já dura séculos e ainda vai durar muito tempo!

Sobre mim

Meu nome é Dani Monteiro, sou mentora da Atitude Infinita, Cloud Solutions Architect na Microsoft... Mulher, preta, de terreiro, apaixonada por dados e por pessoas. Saiba mais sobre mim aqui.

Referências e indicações

  • Intolerância Religiosa - Livro de Sidnei Barreto Nogueira
  • Racismo estrutural - Livro de Silvio Almeida
  • Lugar de Fala - Livro de Djamila Ribeiro
  • Pequeno manual antirracista - Livro de Djamila Ribeiro 
  • Mulheres, Raça e Classe - Livro de Angela Davis

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