Notícia: Alfabetização no Brasil: Censo 2022 traz evoluções e desafios

Alfabetização no Brasil: Censo 2022 traz evoluções e desafios

População alfabetizada cresce, mas taxas dos municípios podem melhorar

O IBGE divulgou (17/5) os resultados do “Censo Demográfico 2022: Alfabetização: Resultados do universo”. Por meio da leitura do estudo, temos informações importantes sobre as taxas de alfabetização e analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade.

Aumento da proporção da população alfabetizada, taxa de analfabetismo em queda (ainda que lenta) e melhora dos números sobre o acesso à educação para a população não-branca são alguns dos destaques. Confira mais detalhes sobre o Censo 2022 nesta matéria.

Os dados são do questionário do Universo, aplicado em todos os municípios brasileiros, e trazem ainda recortes por cor ou raça, pessoas indígenas, sexo e grupos de idade dos moradores.

Acesse aqui os dados do Censo Demográfico 2022

O que configura uma "pessoa alfabetizada" para o Censo?
Aquela ou aquele que sabe ler e escrever pelo menos um bilhete no idioma que conhece.

Uma sala de aula com vários alunos sentados prestando atenção na professora em pé falando

País tem mais pessoas alfabetizadas

Os dados do Censo 2022 revelam que a taxa de alfabetização entre os brasileiros está em 93% - 151,5 milhões de pessoas, das 163 milhões com 15 anos ou mais. Isso significa um aumento de 2,6% em relação ao que a edição anterior do Censo trouxe, em 2010.

De acordo com o IBGE, a queda na taxa de analfabetismo é consequência do aumento do alcance (e da efetividade) das redes de educação, principalmente, e da transição demográfica no país:

"A comparação dos resultados de 2000 com os de 2010 e os de 2022 indica que a queda na taxa de analfabetismo ocorreu em todas as faixas etárias, refletindo, principalmente, a expansão educacional, que universalizou o acesso ao ensino fundamental no início dos anos 1990, e a transição demográfica, que substituiu gerações mais antigas e menos educadas por gerações mais novas e mais educadas”. (Fonte: Agência Brasil)

Gráfico com barras que vão do verde pro laranja.
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940/2022.

Taxa de alfabetização dos municípios deve melhorar

Termos mais pessoas alfabetizadas é sempre uma boa notícia, mas o Censo 2022 mostra que 68,5% da população do país (com 15 anos ou mais) vivia em 3.564 municípios cuja taxa de alfabetização não alcançava a média nacional (93%).

Apesar de seguir sendo um desafio importante, o percentual atesta uma evolução positiva do quadro no país: em 2010, tínhamos mais pessoas vivendo em mais municípios com taxa de alfabetização menor que a média nacional.

Em 2010, 75,4% da população vivia em 4.501 municípios com taxa de alfabetização menor que a média nacional de 2022

Cor ou raça: não-brancos têm menos acesso à educação

Historicamente, o acesso a uma educação de qualidade no Brasil sempre carregou um componente excludente e racista, dificultando que pessoas não-brancas frequentassem a escola. Os números seguem refletindo isso - mas mostram melhora.

Taxas de analfabetismo por cor ou raça, de acordo com o Censo 2022:

  • Branca: 4,3%
  • Amarela: 2,5%
  • Preta: 10,1%
  • Parda: 8,8%
  • Indígena: 16,1%

Importante: ainda que as diferenças entre os grupos por cor ou raça tenham caído em pontos percentuais, entre os Censos de 2010 e 2022, as taxas de analfabetismo de pretos e pardos seguem mais do que o dobro daquela registrada para os brancos. Com relação à população indígena, mais que o triplo.

Um planejamento que contemple uma educação antirracista na estrutura do projeto de educação do país segue tendo total relevância, como os dados do Censo 2022 nos permitem perceber.

Idade: analfabetismo é maior entre os mais velhos

Apenas 1,5% das pessoas mais jovens alcançadas pelo Censo não sabiam ler e escrever no país, em 2022 (entre 15 e 19 anos, e 20 a 24 anos). No entanto, na outra ponta dos grupos etários, a taxa de analfabetismo da população com 65 anos ou mais é a mais alta: 20,3%. Para este grupo, estratégias voltadas à Educação de Jovens e Adultos (EJA) podem estar no foco da gestão educacional.

Confira abaixo o gráfico por grupo de idade desde o Censo 2000.

Gráfico de fundo branco com três linhas: uma azul, uma vermelha e uma verde.

Sexo: mulheres são mais alfabetizadas

Conforme os dados do Censo 2022, mulheres apresentaram melhor taxa de alfabetização que homens: 93,5%, enquanto os homens alcançaram 92,5%.

Somente quando observamos o grupo de pessoas com 65 anos ou mais que temos os homens em proporção ligeiramente maior de alfabetizados (79,9%) que as mulheres (79,6%).

História sendo escrita e lida

O Brasil tem evoluído lentamente em sua taxa de alfabetização no decorrer das décadas: em 1940, apenas 44% da população acima de 15 anos sabia ler e escrever (Fonte: Censo - IBGE). Em 2022 (mais 80 anos depois), chegamos a 93% de pessoas alfabetizadas. Isso nos alegra, mas vimos que há uma realidade bastante desigual quando observamos as realidades em nível municipal.

Que nosso futuro seja de plena alfabetização, sustentado por reflexões e ações qualificadas. Assim, chegaremos a soluções que atendam a contextos e territórios específicos, que contemplem a Educação de Jovens e Adultos (EJA), uma educação antirracista e o uso qualificado e cuidadoso das novas tecnologias, sem deixar de lado a vocação da educação para a realidade do mundo do trabalho.

Sigamos em frente.

Sobre a Fundação Roberto Marinho

A Fundação Roberto Marinho inova, há mais de 40 anos, em soluções de educação para não deixar ninguém para trás.  Promove, em todas as suas iniciativas, uma cultura de educação de forma encantadora, inclusiva e, sobretudo, emancipatória, em permanente diálogo com a sociedade. Desenvolve projetos voltados para a escolaridade básica e para a solução de problemas educacionais que impactam nas avaliações nacionais, como distorção idade-série, evasão escolar e defasagem na aprendizagem.

 A Fundação realiza, de forma sistemática, pesquisas que revelam os cenários das juventudes brasileiras. A partir desses dados, políticas públicas podem ser criadas nos mais diversos setores, em especial, na educação. Incentivar a inclusão produtiva de jovens no mundo do trabalho também está entre as suas prioridades, assim como a valorização da diversidade e da equidade. Com o Canal Futura fomenta, em todo o país, uma agenda de comunicação e de mobilização social, com ações e produções audiovisuais que chegam ao chão da escola, a educadores, aos jovens e suas famílias, que se apropriam e utilizam seus conteúdos educacionais.