O que é robótica e quais os benefícios para a aprendizagem?
Compartilhar

Imagine entrar em uma sala de aula e ver um grupo de estudantes construindo um robô para monitorar focos de degradação ambiental na Amazônia.
Em vez de só resolver exercícios de matemática ou física, eles aplicam o que aprendem em projetos com impacto real.
Este é o objetivo da robótica educacional: estimular uma nova forma de ensinar que desperta curiosidade, engajamento e propósito entre os(as) estudantes.
Mais do que tecnologia, trata-se de oferecer experiências de aprendizagem que fazem sentido e seja mais colaborativa e conectada com os desafios do dia a dia.
O que é robótica educacional?
A robótica educacional é muito mais do que montar robôs. É uma ferramenta potente de aprendizagem que transforma a sala de aula em um espaço de experimentação, onde teoria e prática se conectam de forma criativa, colaborativa e interdisciplinar.
O objetivo é desafiar o(a) estudante a resolver problemas do mundo real, exercitando competências associadas ao design, à iniciação científica, ao pensamento computacional e ao letramento digital.

Por que integrar robótica à aprendizagem?
Ao colocar a mão na massa, os estudantes desenvolvem habilidades como:
- Pensamento crítico e científico
- Trabalho em equipe e cooperação
- Resolução de problemas reais
- Criatividade
- Comunicação e tomada de decisão
“A robótica é uma forma de transformar a educação. Quando o estudante percebe sentido no que está aprendendo, ele se engaja mais. Isso tem impacto direto na aprendizagem e também na redução da evasão escolar”, destaca Wisley Pereira, Superintendente de Educação do SESI Nacional.
Como é a aprendizagem de robótica no SESI?
Na rede SESI, aprender robótica vai além da teoria. Desde 2006, estudantes do Ensino Fundamental ao Ensino Médio constroem, programam e dão vida a robôs em atividades que fazem parte do currículo escolar.
A proposta é democratizar o acesso à tecnologia e fomentar o aprendizado em STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), que faz parte do DNA da rede.
Tudo acontece dentro de uma abordagem prática e criativa, com experiências que vão desde a construção de carrinhos de papel movidos a balões de ar, até projetos com kits de Lego®, Arduino ou micro:bit com comunicação via rádio.
Ao integrar diferentes disciplinas como matemática, física e computação, os estudantes aprendem de forma conectada e dinâmica.

A robótica conecta a escola com a vida real. O estudante aprende fração programando um robô. Ele entende o porquê de estar estudando aquilo
Wisley Pereira
Torneios de robótica
O SESI promove a cada ano mais de 20 torneios regionais de robótica educacional espalhados em dezenas de estados brasileiros.
Além desses, há também os torneios nacionais das modalidades de robótica operadas pelo SESI, que culminam no Festival SESI de Educação, evento anual que reúne milhares de estudantes, professores, voluntários e visitantes.
Neste ano, o Festival aconteceu entre os dias 11 e 15 de março no Distrito Federal. Com um público superior a 26 mil pessoas, o evento foi palco de uma das maiores competições de robótica do país e também sediou o Seminário Internacional SESI de Educação.
As competições são divididas em quatro modalidades:
- FIRST LEGO League (FLL) – Para estudantes de 9 a 15 anos, que, reunidos em equipes de 2 a 10 participantes, elaboram um projeto buscando soluções inovadoras para problemas da sociedade brasileira que podem impactar o mundo. Além do projeto de inovação, eles constroem um robô de LEGO que é programado para realizar uma série de missões na arena de competição, além de outras categorias de avaliação como design do robô , que envolve programação e conceitos de trabalho em equipe, respaldadas pelos valores e princípios da competição.
- FIRST Tech Challenge (FTC) – Para estudantes a partir do 8º ano do Ensino Fundamental até o final do Ensino Médio. O SESI é o operador oficial da modalidade desde 2019 que desafia estudantes a projetar, programar e construir um robô capaz de realizar tarefas em uma arena de competição de acordo com o tema da temporada, definido a cada ano. Para isso, a equipe trabalha com estruturas e circuitos, como se fossem engenheiros de verdade.
- FIRST Robotics Competition (FRC) – Em 2022 o SESI tornou-se também operador oficial da modalidade cujos robôs são equivalentes a robôs industriais de alta complexidade. No FRC, os estudantes do ensino médio constroem e programam para competir em alianças, em uma arena de tamanho equivalente a uma quadra de vôlei.
- STEM RACING (antiga F1 in Schools) – O programa envolve estudantes de escolas SESI, com idades entre 9 e 19 anos, com o desafio de reproduzir a realidade da Fórmula 1, idealizadora da competição. Além de criar e montar um carrinho, que vai competir em uma pista de corrida em miniatura, os estudantes também precisam formar uma escuderia, buscar patrocínio e criar um projeto social.
Em cada uma das modalidades, as melhores equipes são classificadas para torneios internacionais nos cinco continentes. O Campeonato Mundial de Robótica, que acontece em Houston (EUA), no mês de abril, é o mais cobiçado.
Além das competições, o Festival promove seminários internacionais, oficinas culturais e experiências imersivas com o museu SESI Lab.

Projetos que transformam realidades
Mais do que competir, os estudantes desenvolvem projetos com impacto real. Na temporada deste ano, por exemplo, uma equipe de Alagoas criou um solvente químico de baixo custo para ajudar ribeirinhos na limpeza de crustáceos em seus barcos, ampliando a autonomia aos pescadores locais.
Já estudantes do Pará projetaram uma ave robô para monitorar a Amazônia, mostrando como a robótica pode ser usada para preservar o meio ambiente e a cultura local.
Outros projetos premiados em temporadas anteriores incluem um chiclete de pimenta para astronautas, desenvolvido para recuperar a sensação de paladar em microgravidade, e um coletor menstrual para mulheres astronautas que foi patenteado e reconhecido pela NASA.
Robótica é para todos!
“A robótica educacional não é para poucos, é para todos”, reforça Wisley. “Ela deve ser estruturada como política pública, com formação continuada de professores, currículo integrado e materiais acessíveis. Só assim conseguimos mover a curva da aprendizagem no País.”
A proposta do SESI é democratizar o acesso ao conhecimento científico e tecnológico, formando uma geração preparada para os desafios do futuro com equidade, intencionalidade pedagógica e protagonismo.
Parceria com redes públicas de ensino
O SESI mantém parcerias com redes públicas de ensino. Secretarias municipais interessadas podem entrar em contato com os Departamentos Regionais do SESI para firmar acordos de cooperação, que incluem formação de professores, disponibilização de material didático e assessoria técnica.
Um dos exemplos citados por Wisley é o projeto com estudantes ribeirinhos na Ilha do Marajó (PA), além de uma equipe em São José do Rio Preto (SP), que desenvolveu um robô controlado por comandos de voz em parceria com o Instituto do Câncer.