Notícia: Violência nas escolas e a busca por um futuro de paz na educação

Violência nas escolas e a busca por um futuro de paz na educação

Um ataque a faca em uma escola. Um professor agredido por um estudante. Brigas acontecendo (e sendo filmadas) dentro de sala de aula. Casos assim têm sido cada vez mais frequentes.

Como estão, estudantes, professoras, professores e a comunidade escolar, diante deste cenário?

O que podemos fazer para mitigar a violência na educação?

Em junho de 2023, o Instituto de Pesquisa DataSenado (do Senado Federal) divulgou o relatório "Violência nas Escolas". A pesquisa contou com respostas de pouco mais de duas mil pessoas, de 16 anos ou mais de idade, dando conta da realidade delas e daquelas que moram com elas.

6,7 milhões de estudantes brasileiros sofreram violência no ambiente escolar nos últimos 12 meses
(jun/23)

Os dados permitem uma percepção da sensação de insegurança em relação à escola, claro, mas também ao seu entorno, seja ele físico ou emocional/sentimental.

Quem mora com uma pessoa que já tenha sido vítima de violência no ambiente escolar nos últimos 12 meses tem medo de que um novo episódio aconteça dentro da escola em um futuro próximo, por exemplo. Foi o que 90% das pessoas responderam. O temor de que algo violento aconteça, mesmo pelas ruas próximas (fora da escola), também é alto: 76%.

E essa insegurança tem razão de existir: três a cada dez brasileiros afirmam ter recebido vídeos, mensagens ou informações sobre novas ameaças de violência nas escolas. A partir desses relatos, mergulhamos em outra dimensão da violência: o meio digital. E, com ele, a incerteza de lidarmos com fatos, ou com "fake news".

Dentre as pessoas que receberam vídeos, mensagens ou informações sobre novas ameaças, as opiniões se dividem sobre a veracidade do conteúdo:

  • 42% acreditam que as advertências eram verdadeiras
  • 52% avaliam que eram falsas

Mais segurança também na internet

A pesquisa mostra ainda que a maioria dos brasileiros (84%) entende que deveria haver restrição de idade para uma criança ou um adolescente usar redes sociais. O desejo vai ao encontro do Projeto de Lei n° 2628, de 2022, que versa sobre a proteção desse público no ambiente digital.

As maiores preocupações com o que pode ser visualizado pelos jovens são:

  • Discurso de ódio (25%)
  • Ameaças à segurança pessoal (22%)
  • Risco com perfis falsos (18%) e notícias falsas (17%)

Apenas 5% dos brasileiros dizem não ter preocupação alguma com o conteúdo consumido por pessoas menores de idade na internet.

Uma sala de aula com vários alunos sentados prestando atenção na professora em pé falando

A busca pela paz nas escolas

Se os dados sobre os atos violentos e seus impactos impressionam, anima saber que há uma consciência coletiva de que uma ação preventiva pode ser mais importante até que a própria punição.

É o que pensam quase todas as pessoas que responderam à pesquisa (92%): elas e eles consideram como muito importante ter profissionais de segurança na escola, seja para conter episódios isolados, seja para combater ações com características mais sistematizadas e organizadas, como o bullying e o cyberbullying. E não fica nisso:

  • 91% das pessoas consideram muito importante discutir saúde mental e haver profissionais de assistência social nas escolas.
  • 89% consideram muito importante a reforma dos prédios das escolas para combater a violência nas escolas.

Enquanto 87% das pessoas entendem que a presença policial nas escolas ajuda a prevenir a violência, há uma certa divisão quanto ao seu espaço de atuação: 35% entendem que deve haver presença policial dentro das escolas; 31% acham que o policiamento deveria ocorrer nas portas/nos acessos a elas; e 27% defendem que deveria ocorrer patrulha constante nos bairros das escolas. Apenas 5% se manifestaram sobre o uso de serviços como o Disque-denúncia.
violência. 

Proteger e instruir professoras e professores é necessário

No sentido de identificar com mais precisão os agentes causadores e os meios pelos quais se dão os episódios de violência em ambiente escolar, desta vez, com foco nos profissionais de educação, o Observatório Nacional da Violência contra Educadores (Onve), apoiado pelo Ministério da Educação (MEC), deu início, em junho de 2024, à coleta de informações para a pesquisa “A violência contra educadores como ameaça à educação democrática: um estudo sobre a perseguição de educadores no Brasil”.

O estudo, realizado em todos os níveis de ensino, e em todas as regiões do país, pretende investigar as diversas formas de violência contra as liberdades de aprender e de ensinar enfrentadas por profissionais da educação no Brasil.

A primeira fase de reunião de dados e mapeamento foi concluída, realizada por meio de um questionário on-line. O resultado contribuirá para a formulação de políticas públicas e estratégias de apoio concretas. 

“Esse projeto tem grande importância por uma razão muito simples: profissionais da educação têm sofrido diversas violações em função do uso democrático de seu trabalho”, declarou o coordenador-geral de Políticas Educacionais em Direitos Humanos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), Erasto Fortes Mendonça (Fonte: Ministério da Educação)

Jovens em uma escola

Reflexões a partir da sala de aula

Conversamos com a professora Andrea Ignacio, da Unidade Escolar da Fundação Roberto Marinho, que trabalha com duas turmas de ensino médio dedicadas a jovens e adultos (EJA), na Maré, bairro que reúne 17 favelas, situado na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Para Andrea, a violência no ambiente escolar está intimamente ligada à falta de respeito e empatia: "Não temos crianças nas turmas, lido com jovens e adultos. Mesmo assim, percebo que alguns estudantes têm firme convicção de que existam verdades absolutas, que suas crenças pessoais determinam o que deve ser a realidade de todas e todos", conta a professora, que complementa: "Isso gera conflitos em sala de aula".

Andrea Ignacio, uma mulher negra, de cabelo curto e preto, com camisa azul e calça jeans, aponta para o quadro em uma sala de aula. Ela está ao lado dele.
Andrea Ignacio, durante aula na turma de ensino médio, na Maré. (Foto: Amanda Nunes)
Aspas

Pessoas muito autocentradas geram conflitos em um espaço como a sala de aula - um ambiente essencialmente coletivo.


Aspas

A importância de uma formação docente adequada, ampla e atualizada, não apenas para professoras e professores, mas para toda a comunidade escolar, é uma necessidade urgente, de acordo com Andrea:

"O problema da violência precisa ser tratado transversalmente, permeando todas as áreas do conhecimento, e durante todo ano letivo. É necessário um aprofundamento coletivo na escola - gestão, professores, famílias e estudantes - para que possamos, todas e todos, compreender mais precisamente as razões e, por fim, encontrarmos soluções possíveis para diminuir a violência escolar", relatou Andrea.

"A escola precisa formar professoras e professores para gerenciarem conflitos que surjam na sala de aula."

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O Futura é uma experiência pioneira de comunicação para transformação social que, desde 1997, opera a partir de um modelo de produção audiovisual educativa, participativa e inclusiva. É uma realização da Fundação Roberto Marinho e resultado da aliança estratégica entre organizações da iniciativa privada unidas pelo compromisso de investir socialmente, líderes em seus segmentos: SESI - DN / SENAI - DN, FIESP / SESI - SP / SENAI - SP, Fundação Bradesco, Itaú Social e Globo.

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