#PraDeliberar: Que Amazônia queremos?
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E agora, (José) Luiz Inácio Lula da Silva?!
Antes de mais nada, UFA! Podemos voltar a pensar no que queremos para a Amazônia, agora que temos uma nova chance dela continuar existindo... porque o Presidente eleito e o grupo político formado em torno de sua candidatura compartilha a seguinte visão: queremos (e precisamos de) uma Amazônia de pé.
Trata-se de um pressuposto importante: “Amazônia é Solução”, como enuncia o título do caderno especial Brasil Verde (ESP, 6/11/22), pautado pelo lançamento do documento 100 primeiros dias de governo: propostas para uma agenda integrada das Amazônias.
Mas também é um ponto de partida para que a sociedade analise, pondere e delibere sobre os prováveis conflitos e impasses que terão que ser resolvidos até que essa visão de futuro se torne realidade, para além dos primeiros 100 dias de governo do Presidente Lula.
O que pode nos deter?
Felizmente não nos faltam excelentes diagnósticos, ideias e propostas de caminhos para um desenvolvimento sustentável da Amazônia. Mas é necessário fazer o papel de “advogado do diabo” e antecipar pontos problemáticos, que possam gerar dúvidas, preocupações, inseguranças e descontentamento em parcelas da sociedade.
No seu livro Infraestrutura para o desenvolvimento sustentável da Amazônia, Ricardo Abramovay mapeia quatro dimensões estratégicas para respondermos aos “dois maiores desafios das sociedades contemporâneas, o agravamento da crise climática (...) e a urgência de se aprofundar a luta contra as desigualdades”, a saber: 1) natureza como infraestrutura, 2) infraestrutura do cuidado com as pessoas 3) dispositivos básicos para vida contemporânea (conexão, mobilidade, saneamento, saúde, educação) 4) melhorar localmente qualidade do que se comercializa.
A partir dessas dimensões, os caminhos e exemplos de soluções indicados pelo autor fazem todo o sentido e parecem plenamente viáveis. Mas como totalmente leiga, achei interessante fazer o exercício de perguntar: o que pode nos deter? que decisões e escolhas podem ser difíceis pelo caminho?
- Como reorientar os investimentos para sair da “era do concreto” (grandes obras, mega projetos, hardware que destrói a floresta, capital concentrado) para a “era dos serviços ecossistêmicos” (rede de agentes de desenvolvimento integrado à floresta)? até que ponto queremos ir nas negociações e compensações para potenciais “perdedores” (capitalistas e trabalhadores dos atuais mega projetos na região, por exemplo)?
- Como implementar o pagamento de serviços ambientais (financeiramente ou com outros benefícios, como obras e serviços na comunidade) àqueles que vivem e trabalham na Amazônia cuidando do meio ambiente no seu dia a dia? Que critérios para pagamento e mecanismos de controle fariam sentido, seriam considerados justos?
- Como combinar autonomia local com interesses regionais e nacionais? Por exemplo, São Felix do Xingu, no Pará, que abriga um dos maiores rebanhos de gado da região, aparece em 1º lugar como causador de emissão de gases de efeito estufa, poderia se tornar grande produtor de biogás e fertilizante orgânico. Será que essa decisão deve depender só dos representantes eleitos do município?
#PraDeliberar!